Convenhamos: um objeto que tem uma relação afetiva é bem mais valioso do que um objeto genérico, né?
Para a Luiza Horn (@luiza_horn), criadora da Cerâmica Torta (@ceramica_torta), o diferencial do trabalho dela é justamente criar peças de cerâmica que sejam úteis e afetuosas.
A Cerâmica Torta começou a ganhar forma quando a Luiza entrou no curso de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Ela conta que não foi uma decisão 100% intencional, e sim uma escolha para se redescobrir dentro da área.
“Quando entrei no curso de Artes da UFRGS, eu queria muito ser bolsista, participar de algum projeto de pesquisa, algo que direcionasse minha produção na universidade. No Instituto de Artes tem um monte de cadeiras de técnicas artísticas e, eventualmente, a gente acaba se aproximando mais de umas do que outras”, lembra.
“Eu já estava há um ano no curso e me sentia muito perdida, quando finalmente conheci um projeto de extensão chamado Objeto Identidade, cuja proposta era trabalhar com cerâmica utilitária e produzir xícaras, copos, bowls, moringas, dentre outros objetos, para a própria universidade. Então, na verdade, eu acho que não foi muito intencional começar a trabalhar com cerâmica. Foi mais uma decisão objetiva, de achar um caminho para seguir. Eu frequentei a sala em que acontecia o projeto por alguns meses, bem na cara de pau, e acabei sendo aceita”, comenta Luiza.
“Quando comecei nesse projeto de pesquisa, várias das minhas colegas bolsistas tinham uma página no Instagram com as suas produções. Eu queria muito mostrar para o mundo (e para mim mesma) que eu também tinha algo meu. Por isso, quando decidi postar minhas peças, elas ainda tinham muito para evoluir, então achei que Cerâmica Torta seria uma combinação interessante e que iria definir não só uma expectativa dos outros, mas a minha: um lugar de autodescoberta e sem grandes exigências (vindo de uma pessoa que é muito exigente)”, explica.
Sabendo de toda essa história, o nome realmente caiu como uma luva, né? A gente amou a escolha!
Hoje, o Instagram é a principal plataforma de comunicação da Cerâmica Torta. É ali que a Luiza compartilha as peças que acabaram de ser produzidas, divulga as feiras que vai participar, compartilha os links de vendas e interage com quem acompanha o trabalho dela.
“Antes de eu participar de qualquer exposição, a Cerâmica Torta já tava lá sendo exposta para o mundo. Antes de eu ter um local fixo de trabalho, um estúdio de cerâmica, eu já tinha essa plataforma online. E por meio dessa timeline de postagens, eu também vejo a evolução do meu trabalho, e as pessoas também podem ver isso. No fim, o meu desejo de poder viver de cerâmica também depende inteiramente das redes, porque lá é o meio mais fácil que conheço hoje das pessoas conhecerem o meu trabalho”, explica.
Quem acompanha a Fluir conhece a importância do planejamento, né? Mas, como nem tudo é fácil de seguir na prática, a gente também entende que o teu planejamento não precisa ser sempre redondinho, do início ao fim do mês. Muitos criadores vão compartilhando conteúdo conforme produzem, e tudo bem! O importante é ter compromisso com quem te segue.
A Luiza, por exemplo, nos contou que não consegue seguir um planejamento fixo. Olha o que ela disse:
“Ultimamente, eu tenho me concentrado em atualizar todo o dia o Instagram, postar algum story para as pessoas verem que eu ainda tô ali. Até alguns meses atrás, eu dividia o meu trabalho na Cerâmica Torta com a graduação e outro emprego, e agora finalmente estou me dedicando inteiramente ao trabalho como ceramista. Não consigo fazer um planejamento muito rigoroso, porque minha produção em cerâmica é instável, se não imprevisível. Por conta disso, acabo fazendo planejamentos de curto prazo baseados na minha própria produção.”
Em relação ao conteúdo dos posts, a Luiza disse que os seguidores da Cerâmica Torta engajam mais em assuntos ligados ao universo da marca, que tem peças inspiradas em desenhos de animes e afins.
“Eu noto que as pessoas gostam de ver coisas que elas já têm familiaridade. As publicações nas redes que mais tiveram repercussão positiva foram fotos de peças que fiz relacionadas ao universo do Studio Ghibli, animes e outras temáticas. Por isso, acabei me direcionando para uma produção com essas imagens sobre as cerâmicas, por mais que, frequentemente, eu sinta uma falta de originalidade no meu trabalho como consequência disso”, comenta.
E para finalizar, a gente perguntou sobre a parte mais polêmica das redes sociais: o algoritmo. Como será que a Luiza, que trabalha diretamente com a venda das peças que produz, sente o impacto das mudanças na entrega dos posts?
“Faz só um mês que passei a usar a plataforma do Meta Business para fazer publicações impulsionadas. Portanto, ter “controle” das minhas redes sociais e ter engajamento é uma coisa recente que, até então, era raríssima . Acredito que sei o básico para sobreviver nessa rede, mas me sinto muito suscetível ao shadowban (que acontece quando o Instagram faz um espécie de restrição temporária e não deixa que os conteúdos apareçam em resultados de hashtags), justamente porque não estou o tempo todo fazendo publicações, não tanto quanto o algoritmo gostaria”, acredita Luiza.
A gente adorou conhecer um pouquinho mais da Cerâmica Torta, Luiza. Obrigada por Fluir com a gente!