A arte de bordar encanta os mais diversos olhares em uma sociedade que apresenta, na maior parte do tempo, rotinas corriqueiras e superficiais.
Mas você já imaginou o exercício dessa arte sendo feito há 25 anos? Pois é, esse é o talento da convidada para essa conversa: a Bruna do @bordadoempoderado! Assim, ao contar um pouco de sua trajetória durante esses 25 anos, ela relatou como foi o processo para começar a bordar:
“Comecei a bordar com 8 pra 9 anos, em umas férias de verão, quando passei algumas semanas na casa da minha avó em São Borja – minha família materna é de lá. Minha avó sempre fez muitos bordados, especialmente enxovais para bebê em pontos miudinhos na cambraia. Eu era uma criança curiosa que tinha vontade de aprender tudo que via adultos fazendo. Assim, insisti até ela me ensinar. Ela ensinou pontos de bordado livre. Retornando das férias, descobri que minha madrinha fazia ponto cruz e ela me ensinou a técnica.”
Dessa forma, Bruna explica que a técnica vem de família e foi ensinada da melhor maneira possível! E esses ensinamentos trazem sentimentos além do aprendizado, como um tempo extra para passar com a família, que se sentiu orgulhosa em poder fazer parte de toda a trajetória da nossa entrevistada, que hoje encanta com a sua arte.
Mas além do talento para os bordados, a Bruna é formada em Jornalismo, afirmando que também fez alguns semestres de Ciência da Computação. Assim, esse meio termo entre comunicação e tecnologia fez com que ela se encontrasse em meio aos blogs e redes sociais, desde as mais antigas. Ela nos contou como começou a trabalhar nas redes:
“Quando comecei a trabalhar com o bordado, em 2016, já criava conteúdo profissionalmente, como freelancer, para empresas. Ao iniciar meu empreendimento com bordado apenas apliquei o que já sabia – tratei minha marca como mais um cliente. Com o tempo o bordado me deu muito mais retorno (financeiro e pessoal), acabei encerrando os contratos com os clientes antigos.”
E para as redes sociais, ela acertou na escolha do nome, optando por “bordado empoderado”, visto que demonstra também sua trajetória de vida e oportunidade para expressar suas crenças políticas.
“Em 2016, quando comecei a empresa, queria primordialmente encontrar mulheres feministas em um ambiente seguro para conversar e criar arte que nos representasse. Escolhi esse nome por sentir que atrairia alunas alinhadas politicamente e estava certa. Eu não trabalharia com bordado se não houvesse a possibilidade de trazer a tematica feminista atrelada a ele. O bordado, a técnica em si, está conectado com a minha história pessoal por causa da minha relação desde tão nova e pelas mulheres da minha família. Mas, se eu não pudesse de alguma forma transformar essa técnica em algo que expressasse minhas crenças políticas, eu nem teria começado o projeto.”
Então, engajando todo esse público ligado ao feminismo e à representatividade, ela conquistou diversos olhares ao entender o conteúdo como parte do trabalho. Assim, ela destina um tempo para agendar postagens, fotografar, pensar em assuntos que possam ser do interesse do público. Ela nos conta quais artifícios ela usa para criar maior conexão com os seguidores:
“Sempre tentei aproximar ao máximo o meu conteúdo da minha vivência como artista, mostrando bastidores, referências e criando conexões com outras marcas de mulheres. Mas faço isso de forma a não me sentir prisioneira das redes. O meu bem estar vem em primeiro lugar, seguido dos trabalhos da vida real (bordar, fazer pacotes das vendas, atualizar o site, controlar estoque,…), só depois vem as redes.”
E com essa comunicação e vínculo com o público, preservando sua saúde mental, ela nos dá algumas dicas para quem está começando a usar as redes sociais como vitrine:
“Acho que é importante não estar apenas no instagram. O instagram é terreno alugado que logo não vai mais nem valer a pena alugar. Ter um lugar de conexão direta com o público é essencial: ter as informações de email e telefone dos clientes, ter formas de chegar até esse público para além das redes é essencial nessa realidade onde a cada dia o algoritmo cobra algo novo da gente para entregar nosso conteúdo.”
Ademais, a Bruna também nos contou um pouco sobre como foi a adaptação desse trabalho e a presença nas redes sociais em meio à pandemia da Covid-19.
“Minhas oficinas eram presenciais, precisei cancelar todas as datas e reajustar minha rota ano passado. Tentei me adaptar ao online, tentei dar aulas particulares por zoom, tentei criar turmas online mas acabei percebendo que esse tipo de trabalho tirava minha vontade de trabalhar com isso.
Sou o tipo de pessoa que gosta de inventar produtos e serviços. Amo ter ideias e testar o que é viável ou interessante para mim e para o público. Por isso, já tinha na manga alguns produtos criados que poderiam ser adaptados para a realidade do confinamento. Um deles foi o kit de bordado para iniciantes que foi sucesso de vendas ano passado e segue sendo vendido no meu site até hoje. Segui fazendo as vendas de materiais de bordado, já que meu público de alunas seguia buscando por esses materiais. E decidi também, voltar a fazer encomendas e bordados para venda pronta-entrega em formato de coleções.
Sobre a minha presença nas redes, uma grande mudança foi na constância: decidi que a minha saúde mental valia (e segue valendo) mais do que estar sempre presente nas redes.”
Para ela, a adaptação não foi fácil, e muitas vezes essa incerteza com relação ao futuro nos deixa apreensivos para uma transição para o online. Por isso, é de extrema importância dar atenção ao que gostamos ou não de fazer, para que se possa continuar exercendo o trabalho com muito amor.
Ficamos muito felizes em conhecer a história da pessoa que existe por trás do “bordado empoderado”, que encanta diversas pessoas em suas redes! Juntamente com todo esse amor e dedicação envolvidos, fica difícil não se apaixonar pelo trabalho dela, né?