A convite da Fluir, estou escrevendo esse artigo sobre um assunto que permeia minha vida profissional: influencer marketing.
Há pouco mais de 3 anos, vivemos o boom dos influenciadores digitais, pessoas que conseguem criar, emitir ou mudar opiniões através de plataformas digitais e nesse contexto são vários: youtubers, bloggers, instagramers e tiktokers.
Vimos muitos deles alcançarem o status de celebridades e ganharem muito dinheiro, com isso vimos crescer o número de pessoas a “tentarem” essa carreira, fica a reflexão: seria o influencer, a profissão de modelo dos anos 90?
Mas esse não é o foco deste artigo, e sim uma questão maior: influência é consequência e não causa. Isso mesmo que você caro leitor leu. Ser influenciador deve ser o efeito de um bom conteúdo gerado nas mídias sociais, fazendo com que o seguidor seja motivado por tal publicação.
E é aí que temos um gargalo: existem muitos aspirantes a influenciadores que não produzem conteúdo e que apenas tem um número de seguidores (muitas vezes comprados, ou de sorteios), que saem por aí “vendendo” seus resultados de influência para as marcas. Nesse contexto se enquadram algumas socialites, aspirantes a celebridades e blogueiras sem blog, cujo seu conteúdo é o que chamam de forma banalizada de lifestyle. Mas vejam bem, postar sua vida e fotos como cabide humano é algo tão egocêntrico e irrelevante, que obviamente não gera influência, mas sim inveja ou desprezo (depende do seguidor).
Aí, caro leitor, você deve estar se perguntando: então as blogueiras de moda não produzem conteúdo relevante? Claro que sim! E existem algumas muito boas de macro, local e micro. E o que esses exemplos se diferem das demais? Simples, existe um planejamento e entendimento de que conteúdo não é só a foto bonita, é a utilidade, é o entendimento que o conteúdo de mídias sociais é composto de foto, áudio, texto, enquetes, e existem muitas possibilidades além da foto, aliás.
Mas essa discussão já existe há algum tempo e o fator que entrou nessa fórmula foi a pandemia, que começou a fazer uma seleção natural dos influenciadores, afinal acabaram os “eventinhos”, as viagens glamourosas e todo o kit ostentação. E o que publicar em tempos de isolamento social? Conteúdo autêntico com um motivo, uma utilidade. E é aí que vimos muitas dessas pessoas se perderem na sua própria insignificância das publicações.
Em contrapartida, quem produz conteúdo autêntico e com valor, explodiu: como por exemplo Camilla de Lucas, Carvalhando e até as meninas do Steal the Look/Push que se consolidaram ainda mais com produção de conteúdo.
Então veja bem, a pandemia acabou com os influenciadores sem conteúdo? Claro que não, até porque isso envolve fator social, que é inerente às redes sociais. O que pandemia fez na verdade, foi valorizar o real criador de conteúdo. Seguiremos com as influenciadoras de lifestyle brindando com seu Veuve Clicquot no seu hotel 5 estrelas ou no seu passeio de barco aos domingos, mas também teremos mais espaço para bons criadores de conteúdo, que se conectam aos seus seguidores, que são úteis, ou que inspiram por uma boa história.
E seguimos assim, convivendo, aprendendo e sobrevivendo a um novo cenário, onde o criador de conteúdo terá seu papel reconhecido nas ações de marketing digital.
Por João Finamor
Professor da ESPM de Marketing Digital, consultor de transformação digital, criador do ecossistema CREATORS RS.